sexta-feira, maio 19, 2006

Memórias de Borboleta I

Os Apuros de Claudinha – O Choque



Não me recordo de outra lembrança mais antiga que esta.
Estava em meu berço enorme, do tamanho de uma cama de solteiro. Lembro-me da colcha , dos lençóis bordados por minha mãe. Eu deveria estar chamando a minha ama e ela não atendia.
Lembro-me do quarto de meus pais, com meu berço logo ao lado. O abajour de louça perfurado, que fazia desenhos no teto. Um quarto subseqüente cuja janela me causava pavores noturnos, onde eu via rostos e fantasmas quando era maiorzinha... Mas estas são lembranças mais recentes que deste dia...
Eu sozinha no berço, um berço enorme. E de repente uma visão. O apagador de luz!
Era daqueles antigos cujos fios desciam do teto da casa e tinha que apertar um botão para acender a luz. Eu me lembro de ter ficado encantada com o objeto estranho e de me levantar para pegá-lo. Alcancei o fio e girei as duas partes, deixando à mostra o fio desencapado e os contatos de metal. Daí a colocar o meu dedinho foi uma fração de segundo...
Imediatamente me vi em apuros e vi uma espécie de fogo que não desgrudava de meu dedo. Ainda sei qual foi a sensação desagradável, tamanho o choque que recebi naquela hora, e eu era apenas um neném.
Tudo o que ocorreu depois, somente sei porque me foi contado. Fui encontrada dormindo e assim continuei por muitas horas a mais que o costumeiro. Minha mãe, ao chegar do trabalho, estranhou por eu não estar esperando-a com a ama. Ao chegar em casa a ama se despediu rapidamente e se foi. Minha mãe foi direto ao quarto e deparou com um neném com uma cor estranha e o apagador aberto. Nem precisou pensar!
Naquela época só meu avô tinha carro, e os táxis eram carros pretos que demoravam para aparecer. Minha mãe conseguiu achar meu avô e me levaram para o hospital.
Por sorte, eu já havia me recuperado por mim mesma.

Meu grande espírito protetor, meu anjo da guarda, percebeu neste momento que eu seria alguém a lhe dar muitíssimo trabalho pelo resto da vida...

Ele estava certo, e ninguém imaginava o quanto ele ainda trabalharia...

PS: A ama, foi catar coquinho em outras paradas...
Aí veio a Silvinha, nossa “Vinha”,minha babá e de meu irmão Márcio. E dela temos ótimas recordações...

3 comentários:

Marco disse...

E assim começaram os apuros de Claudinha?
Meu bem, que bênção saber que o seu anjo da guarda trabalha full time. Muito melhor que a sua ex-babá!
O choque não te causou mal maior porque você já tem muita luz.
Sinta-se beijada, amiguinha querida.

Lilith disse...

Claudinha, sempre dando sustos em todos... Não consigo parar de agradecer pelo teu/meu conto. Mas não sou tão dourada assim, risos.
Beijocas!

Anônimo disse...

Claudinha luzente:

E que protetor,hein,Mano Marco? Bom e brasileiro,tanto quanto o anjo custódio em forma de criatura humana que aqui depositou um texto imaculado.

Ps: tua segunda ama só poderia ser homônima de minha irmã... Desculpe a falta de modéstia. ;)

Beijoca.