quarta-feira, março 22, 2006

Meus Lugares Antigos






Saudades de cada luar, de cada lampião, de cada poça de água, de cada brincadeira infantil. Saudades do primeiro beijo, da primeira briga, do primeiro gole de cerveja, do primeiro show... "Mundo, mundo vasto mundo"...
Tempo, tempo quanto tempo...
Veloz, ele deixa a distância maior à cada século que vivo a sonhar...

quinta-feira, março 16, 2006

Memórias de Borboleta IX



Existem textos que mexem comigo, com minha imaginação, com meu coração... Existem músicas que me fazem querer dançar coladinho (esta é uma delas...).
Eu sei que existe uma Claudinha menina escondida nesta mulher que anda meio tristinha, uma menina tímida e insegura(acreditem!)...
Este texto faz parte do meu caderninho de capa laranja (viu Duda?), relíquia dos tempos de menina. Queria relembrar, quem vem comigo?
...Naqueles dias... Faltava quatro meses para eu conhecer o Szafir, tentava convencer Duda a namorar o meu novo amigo, o “nosso” Leilei (e consegui!!!). Faculdade, 1º ano, tudo novo, cidade grande, eu refém de assalto, novas bandeiras...

Chuva e Estrelas
(Campinas -SP - março/1983)

A brisa da tarde chegou trazendo-me lágrimas, soluços e inquietação. O céu se encobriu de nuvens obesas e negras, o mundo parou por instantes...
A luz fugiu de mim e rompeu minhas barreiras. Muitos não a veriam e haveriam de pagar caro por sua distração... As minhas linhas coloridas, que marcavam bordados em meus linhos, desbotaram diante desta fuga... Sem conseguir enxergá-las mais, fixei meus olhares para a imensidão e pude ver a tormenta surgir do nada, mostrando o tudo... Meu coração, tal e qual, tanto e quanto, atormentado, atordoado, disparou de medo e de admiração, diante do fenômeno da natureza...

A chuva desabou com grande estardalhaço e fúria de titã, lavando minha alma e seus desesperos... As águas prateadas revelaram meus segredos e minha face enrubescida me condenou, denunciou. Nem precisava, sempre falei mais que deveria... Sempre me mostrei toda, mesmo sem querer. Seria novamente motivo de risos, seria de novo um brinquedo.

Do alto dos prédios, ventos uivantes brincaram de carregar gotas de água pelas vidraças. Senti medo da cidade grande, medo do desconhecido, medo de enfrentar meu espelho, medo de saber quem realmente sou.

E quando a temida noite enfim chegou, sua suavidade incorporou-se ao céu e lançou purpurinas de estrelas sobre o meu viver... Levou para longe a chuva. Tratou de me acalmar. Nunca mais tive medo dela, a noite me trazia paz e aconchego...

Um vento morno encheu meu coração de promessas e, quando um novo dia amanheceu, quase tudo estava em seu lugar. As poucas árvores da praça em frente, agora sem folhas, mantinham seus braços erguidos como em prece...
Eu, agora sem lágrimas, mantinha meu coração aberto...
Agradecendo, pois... sobrevivemos!

Porém, sempre haverá um novo entardecer, e com ele, chegará um sentimento estranho, carregado de nostalgia , melancolia e saudade nem sei de quê. E eu sempre estarei esperando a noite, seus veludos e suas purpurinas, para poder repousar e sonhar...

.:: Você ouve: Love of My Life - Queen (A música dos meus quinze anos - 1979)